segunda-feira, 20 de setembro de 2010

"Sonata de Otoño" - Dirección: Omar Varela


Foto: Guilherme Santos

"Sonata de Otoño" (Uruguay)/ Teatro Renascença - "Filme em 1978, a versão original de “Sonata de Outono” foi dirigida por Ingmar Bergman. A versão teatral é de Omar Varela, um dos diretores mais importantes do Uruguai. A ação se centra em Charlotte, uma famosa pianista que volta para sua casa depois de sete de anos de ausência. É quando ela encontra Eva, sua filha mais velha, que, devido às circunstâncias, educou Helena, a filha mais nova, agora, fatalmente doente. Eva é casada com Viktor, um pastor da igreja local. O casal perdera recentemente seu único filho afogado. A música versus a família. O ser artista versus o ser mulher. O texto explora o universo humano em que não há bons nem maus, mas a complexidade."
Confesso que fui assisitir a essa montagem por causa da Estela Medina (Charlotte). Eu queria tirar a limpo a péssima impressão que tive ao ver essa tão prestigiada atriz uruguaia num papel constrangedor em "La vida es Sueño", montada pela Comedia Nacional (companhia da qual faz parte desde áureos tempos) e que foi apresentada no 15º Poa em Cena. Bueno, finalmente pude ver o trabalho de Estela, afinal Charlotte é uma personagem que ete dá ganas de fazer por ser tão irônica, fria, egoísta e fútil. Ela só enxerga o próprio umbigo o tempo todo (pela dificuldade de lidar com suas emoções), não se importando (ou fingindo não se importar) com a dor que sempre causou - e causa - às suas filhas. Estela é essa mulher, pela postura, pela vaidade cênica, pelo tom, e cumpre belíssimamente seu papel, com verdade e emoção. Mas, mesmo assim há um excesso, como num quadro onde a tinta excede o traço. Vejo que o me voy da bruxa em La vida es Sueño faz parte dela, da atriz, da linha de interpretação que ela tem na carne, é um fazer teatral que sempre tem que ser grandioso, grandiloquente, com muitos gestos e impostações vocais que nos soam muitas vezes caricatos, mas é um estilo seguido nos anos 50 (semelhante aos melodramas hollywoodianos da mesma época) e temos de respeitá-lo. Isso não afeta, em nada, o fato de Estela Medina ser um ícone da sua geração. E eu como consegui retirar o excesso de tinta, vi ali um trabalho digno de parabéns. A atriz Margarita Musto (Eva) emociona com sua verdade e com sua construção tímida e frágil dessa personagem, apesar de faltar uma reação nos momentos onde a verdade - com sua dores e mágoas - é dita cara a cara. Cenários, figurinos e luzes funcionais e de acordo com tudo o que se vê. Uma montagem bonita, delicada e bem feita, mas que não me tocou, não me fez refletir sobre. E disso eu sinto falta.

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