quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

Das coisas da vida ...

Ela acordou com vontade de escrever porque as ideias fervilhavam na cabeça. Palavras, frases, pensamentos, assuntos, escolhas ... e ela escolheu falar sobre dom, sobre o dom de escutar as pessoas, não somente ouví-las, mas escutá-las por completo sem julgamentos, pré-conceitos ou qualquer tipo de moral. Afinal "certo" e "errado" não existem, são simples convenções. Ela tem esse dom, nasceu com ele, como uma tatuagem cravada no peito ... é uma das suas missões na terra e a cada dia fica mais forte e latente ... porque ao escutar e dialogar com o outro ela sabe que o ajuda, que ilumina o dia dele de uma certa forma. A maioria das pessoas está acostumada com vários dons, mas não com o dom de escutar - afinal se elas não escutam nem a si próprias, como terão espaço para escutar o outro? - e acabam achando que quem escuta livremente faz papel de trouxa, de bobo, é usado e coisa e tal. Ah, ela sabe o quão difícil é entender esse dom, só quem o tem o reconhece e o compreende, pois ele é como uma marca especial que se carrega por toda a vida. Sabe, ela é apaixonada pela vida como um todo, ela circula em todos os níveis sociais e culturais, ela encanta por onde passa por sua inteligência, simpatia e beleza, mas acima de tudo (e ela sabe bem disso) por sua capacidade de entrega, pelos olhos brilhantes que sempre a acompanham não importando o momento. Ela encara a vida de um jeito simples onde nada é preto no branco, onde frases feitas e pensamentos enlatados não dizem nada e sorri, sorri de todas as coisas passadas porque a gente está na vida para aprender e apreender e ela não abre mão disso nunca. Talvez ela quebre a cara algumas vezes, talvez ela se decepcione, talvez ela chore, afinal ao contrário do que pensam ela sente, sim, ela sente ... ela é humana, feita de carne, ossos, alma, pó e cinzas ... mas sentir não lhe tira o métron porque seu nível de coinsciência é especialmente assustador. Sim. Ela agora assume que é especial, que tem um dom raro, que segue o pulsar de seu coração, que "surpreenda-me" é a sua palavra de ordem e que seguir padrões não é a sua praia. Ela é livre. Ela é ela. Não mais nem menos, simplesmente ela, ponto final.