segunda-feira, 26 de abril de 2010

Dicas Musicais no Rio de Janeiro e em Porto Alegre!

Meus caros!
Nessa semana tenho duas dicas de shows para os amantes da boa música!

No Rio de Janeiro:

DIA 29/4 (QUINTA) ÀS 20H - KETUBACH TRIO NO SANTO SCENARIUM
O Trio formado pelos excepcionais musicistas André Muato (violão 8 cordas), Denis Lopes (baixo) e Thiago Kobe (bateria e percussão), apresenta o melhor da música instrumental com arranjos elaborados e ousados mantendo sempre a pegada jovem. No repertório Astor Piazzolla, Edu Lobo, Cartola, Tom Jobim, Radamés Gnattali, Geraldo Pereira, Debussy, Milton Nascimento, Guinga e outros. 
Couvert Artístico: R$ 10. 
Produção&Assessoria: Rosite Val. 
Realização: Val Produções Artísticas.


Em Porto Alegre:

DIA 28/4 (QUARTA) ÀS 19H - MONICA TOMASI NO AUDITÓRIO VONPAR
ENTRADA FRANCA

quarta-feira, 21 de abril de 2010

... E a luta continua ...

Bem, lá se vão 16 dias desde a fatídica chuva que se abateu sobre o município de São Gonçalo, no Rio de Janeiro, e nenhuma providência foi tomada para que isso não volte a ocorrer. Explico: no meu bairro a Defesa Civil interditou muitas residências e mandou muita gente sair de casa porque há riscos de novos deslizamentos de terra  - inclusive a minha casa dos fundos também foi interditada devido ao deslizamento ocorrido no quintal da minha vizinha - e orientou os proprietários, que não têm para onde ir , a se cadastrarem no CRAS para receber o tal do aluguel social, dado pelo Governo do Estado, de R$ 400,00. É claro que muita gente não precisa disso (até porque com essa quantia não se aluga nem um quarto e sala num lugar decente em São Gonçalo!) e quem precisa, de repente, nem vai ganhar porque construiu irregularmente e não paga IPTU ... Tá, é uma política populista e que ninguém sabe se vai funcionar direito ou se haverá os famosos desvios de verba e coisa e tal ... Mas e daí? O quê o poder público vai fazer para conter as encostas? Não adianta de nada retirar as pessoas e não reflorestar os morros, fazer as obras de contenção de encostas, demolir as construções irregulares e explodir as pedras que ameaçam a vida de tantos. E quem não teve a casa interditada? Como vive daqui em diante? Rezando para não chover? Ou passando as noites em claro com medo de qualquer chuva causar uma tragédia? Não se controla a natureza e se o homem não a tivesse destruído tanto, muita coisa poderia ter sido evitada ... Só sei que esses tempos difíceis fizeram com que os moradores se unissem por um bem comum e estamos correndo atrás de todos os órgãos competentes (Prefeitura de São Gonçalo, Defesa Civil e o que tiver de ser) para que as obras sejam feitas e possamos todos voltar a viver no lugar que sempre vivemos, onde nossas famílias construiram uma história, uma vida. Não quero mais ouvir o que ouvi do filho da Dona Valdete: "Rosite, eu tenho 40 anos, nasci aqui. Eu e a minha mãe temos que sair de casa por causa do risco de deslizamento de pedras. Sentei no sofá da minha casa e fiquei olhando, pela última vez, a vista de toda a minha vida..." O que mais me dói é o fato de - em nenhum momento - termos conseguido um espaço na rádio, no jornal da cidade ou na televisão para denunciarmos o que aconteceu no nosso bairro ... tudo bem que o ocorrido em Niterói é gravíssimo, mas não se pode abafar o que aconteceu em outros lugares. Já entramos em contato com programas de rádio, redações de jornais e equipes de televisão, mas ninguém nos deu a mínima. Será por que é na cidade de São Gonçalo, que muitos julgam ser bairro de Niterói e lugar de gente favelada e analfabeta? Me parece que sim, mas essas pessoas preconceituosas estão culturalmente, economicamente e geograficamente enganadas. Fica aqui mais uma denúncia, além do descaso dos Governos Municipal e Estadual para com o bairro da Covanca, o preconceito contra a cidade de São  Gonçalo por parte da IMPRENSA. Sou formada em Jornalismo e nessas horas me envergonho disso! Mas podem deixar, nós, O POVO, lutaremos até o fim para termos o direito de voltar a viver em paz e com dignidade!

terça-feira, 13 de abril de 2010

... Relato desses dias ...

Passada uma semana da chuva catastrófica, nada mudou. Digo, a paisagem devastadora permanece no meu bairro e a apreensão toma conta dos moradores. Ontem, mais uma vez, liguei para a Defesa Civil para dizer que eles precisam voltar aqui, vistoriar as casas e as encostas e fazer um trabalho de prevenção - já que há muitas construções irregulares nos morros que ameaçam a vida de outras pessoas -  e eles disseram que viriam hoje vistoriar (dia 13/4). Aproveitei o embalo, fiz uma carta contando tudo o que aconteceu na redondeza, como estamos jogados às traças nesse lugar (na hora de pedir voto todos os políticos passam aqui na rua, mas na hora de dar um auxílio ninguém aparece!) e a enviei para todos os e-mails que estavam disponíveis no site da Prefeitura de São Gonçalo. Se vai adiantar alguma coisa eu não sei, mas estou fazendo o meu papel de cidadã, estou tentando fazer com que olhem para a Covanca e tomem providências. Hoje - lá pelas 11h30 - a Defesa Civil apareceu, começou a vistoriar as casas da Travessa Lucas (na rua e no morro) e interditou quase todas. Passei a tarde toda lá, atrás dos técnicos , para que eles não se esqueçam de olhar as casas que estão na rua principal e dão para o outro morro, mas como o trabalho na Lucas foi muito mais árduo do que eles esperavam, o meu lado da rua ficou para amanhã (dia 14/4). Você fica desconfiada nessa hora, mas o técnico repetiu para todo mundo do lado de lá que amanhã verá as casas do meu lado da rua. Havia muito tempo que eu não entrava na Travessa e revi umas senhoras que me viram nascer. Muita gente me perguntou: "Você é a filha da doutora Janetti?" "Sim", eu respondi. E aí vinham sorrisos e relatos que remetiam a minha mãe, ao meu avô Pimenta e a minha avó Odette. Nossa, como aquece o coração saber e ver nos olhos dessas pessoas o carinho pela minha mãe (já falecida há 7 anos) ... sim, a mamãe era popular, conhecia e falava com todo mundo... era a advogada que ajudava muita gente ... os meus avós também eram assim ... Eu tenho muito orgulho de ser "a filha da doutora" ou "a neta do seu Pimenta", é assim que eles me vêem, é essa menininha que eles enxergam. Hoje me emocionei algumas vezes ao ver senhoras, que moram aqui desde sempre, terem que ir embora porque as casas foram interditadas ... é tão triste presenciar isso ... dói tanto ... Amanhã a nossa luta continua, lá iremos nós atrás da Defesa Civil para que eles vejam o meu quintal e os dos meus vizinhos desse lado da rua. Graças a Deus fez sol hoje e amanhã também fará e temos que aproveitar esse tempo bom para que os técnicos vistoriem todos os morros e façam laudos sobre o que estão vendo. Esse é o momento de conseguirmos uma solução para os problemas que ocorreram, se o tempo passar, seremos esquecidos mais uma vez.
P.S: Já falei que os meus vizinhos da frente me acolheram com o maior carinho naqueles dias difíceis (entre 05 e 09/4) e quero agradecê-los, os Albuquerque Pinho, por tudo. Esse é um elo construído lá atrás, na época da Segunda Guerra Mundial - quando os nossos avós serviram ao Exército juntos -  e que veio de geração para geração. Sim. Há mais mistérios entre o céu e a terra do que podemos imaginar e eu creio nisso.

quarta-feira, 7 de abril de 2010

... Relato de dias difíceis ...

Moro na Região Metropolitana do Rio de Janeiro, num bairro chamado Covanca (caminho entre montanhas) divisa entre os municípios de Niterói e São Gonçalo. O que aconteceu por aqui devido ao temporal que caiu durante mais de 14 horas ininterruptamente eu nunca tinha presenciado na vida. Tudo começou mais ou menos às 18h/ 19h da segunda-feira, dia 05/4, com uma chuva muito forte, mas que ninguém podia imaginar que poderia se tornar o que se tornou. Eu e meus vizinhos de parede temos um ritual quando chove forte, ficamos nos falando por telefone para saber se está tudo bem, já que os nossos quintais dão para uma montanha e toda vez que chove somos abençoados com uma grande quantidade de água que jorra da montanha. Até uma certa hora, apesar do nervoso e do medo instalados devido a chuva forte, tudo ia bem, até que lá pela meia-noite meu telefone toca e é a minha vizinha dizendo: "Rosite, meu muro de contenção veio abaixo, soterrou a minha cozinha, eu não tenho como sair de casa!". Pausa. Eu não queria acreditar que isso estava acontecendo. Liguei para a Defesa Civil e consegui que um carro aparecesse por aqui. Nesse interim o mundo desabou, literalmente. Uma parte do morro da Travessa Lucas - na esquina da minha rua - veio abaixo ... as pessoas na rua fugindo, pedindo socorro ... e chovia, chovia, chovia muito ... A Defesa Civil apareceu, mas não entrou na casa da minha vizinha porque o cachorro dela tinha se soltado, mas ela e o filho pularam o muro daqui de casa e fugiram do perigo. E a chuva não parava ... e surge um clarão, um estrondo ... uma outra parte do morro da Travessa Lucas veio abaixo ... e todos os moradores da redondeza acordam, acendem as luzes e vão para a rua para tentar ajudar quem está soterrado ou desabrigado ... graças a Deus as pessoas que estavam soterradas foram salvas com vida ... o colégio aqui em frente virou abrigo, quartel general da Defesa Civil e ponto de donativos. São aproximadamente 130 pessoas desabrigadas somente em 2 quarteirões ... muita gente perdeu tudo ... muita gente que morava aqui na rua (não no morro) a vida toda, fugiu às pressas com o que dava para pegar ... e eu conheço essas pessoas, todo mundo aqui se conhece ... E eu no meio disso tudo? Eu - de lanterna na mão - monitorava a água que jorrava vinda da montanha aqui no meu quintal e rezava pedindo a Deus e a Nossa Senhora que nos protegesse de todos os males ... lá pelas quatro horas da manhã, saí de casa e fui para a casa da minha vizinha da frente para esperar o dia clarear. Demorou mais do que nunca. E quando finalmente amanheceu, o que eu vi não tem como explicar ... era como se uma avalanche tivesse passado e levado uma boa parte do final da Travessa Lucas. Eu nunca tinha visto isso na vida, ninguém tinha visto isso aqui! Ontem foi o dia em que a Defesa Civil vistoriou muitas casas - condenou muitas do morro e da rua! - e veio vistoriar o meu quintal e o da minha vizinha. Desceu um barranco na casa dela e mesmo que tudo esteja bem no meu quintal - graças a Deus! - recebemos a mesma recomendação: "Se chover forte, não fique por aqui." Meus vizinhos pegaram algumas coisas e foram para a casa de parentes, eu fiz uma mochila e fui dormir na casa da família que mora na frente da minha casa. Durante a madrugada choveu muito forte algumas vezes e pelas sete da manhã também. O sol está começando a surgir, mas o tempo permanece instável e temos todos de continuar atentos e vigilantes. Eu permaneço atenta, vigilante e rezando e posso dizer - de cadeira - que a Fé salva! E quero dizer também que aqui no interior a Solidaridade existe, antes de tudo! E dias melhores virão!