sexta-feira, 25 de setembro de 2009

"Quartett" e Bob Wilson!

"Quartett" (França) / Teatro do Sesi - "Quartett é uma adaptação do dramaturgo alemão Heiner Müller ao romance epistolar de Choderlos de Laclos, As relações perigosas. O autor afirma que a peça Quartett é uma verdadeira comédia, um jogo sexual que mergulha de forma cínica na luta de classes, apresentando dois personagens ambíguos e intrigantes da aristocracia francesa: Merteuil e Valmont. A ação dramática oscila entre um salão durante a época da Revolução Francesa e um Bunker após a 3ª Guerra Mundial, onde os personagens desdobram-se em quatro ou mais, trocando de identidade e sexo numa brincadeira sem avisos, com sugestões cênicas de forte cunho surrealista". Chegou a hora de conferir a grande expectativa do Poa em Cena, e lá vamos nós, de mapinha na mão (hehehe), rumo à viagem até o Teatro do Sesi. São 21h15 e começa o espetáculo num teatro lotado. O que vejo naquelas quase duas horas é indescritível. Nunca tinha visto uma montagem do Bob Wilson e me encantei com o que vi. "Quartett" é esteticamente lindo, visualmente perfeito, nada ali é over ou gratuito. Para Bob Wilson o texto não tem muita importância e Isabelle Huppert e Ariel Garcia-Valdès brincam, maravilhosamente, com isso. Tudo é tão lindo visualmente que não emociona, quero dizer, não emociona da forma a que estamos acostumados ... a emoção que "Quartett" nos faz experimentar é a mesma que sentimos ao admirar um quadro surreralista ... e é divino! O que é aquele jogo de luz e sombra que faz com que tenhamos a sensação de que o palco está sempre em perspectiva e que a cena está sempre "flutuando"? E a trilha sonora? E o ballet de cores e formas? Tudo milimétrico e perfeito! Genial! Bob Wilson é pop. Confesso que não sou fã dessa "estética pop", mas - caramba! - o que eu vi ontem ficará na minha memória para sempre. "Quartett" é um dos mais belos espetáculos que vi na minha vida e é arrebatador!

segunda-feira, 21 de setembro de 2009

Está chegando a hora ...

O Porto Alegre em Cena está acabando (hoje é a entrega do Prêmio Braskem!) mas, ainda tenho "Quartett" para assistir. Isabelle Huppert, dirigida por Bob Wilson, encerrará essa maratona teatral no próximo dia 24, no Teatro do Sesc, e eu estarei lá. Dessa vez não tem tosse ou crise de alergia que me impeça! Faz muito frio aqui em Portinho e a pessoa "rinítica" que vos fala teve acessos de tosse e ficou impossibilitada de ver "Van Gogh". Dizem que não perdi muita coisa, mas eu queria tanto ver ... "¡me gusta el teatro uruguayo!" ... só que não foi dessa vez.
Quanto a "Quartett" estou com uma baita expectativa, afinal quando poderei ver tais mestres de novo? No Rio? Impossível. Primeiro que, raramente, coisas maravilhosas como essa vão parar lá, segundo que quando vão, custam uns R$ 100,00, no mínimo, e eu não tô podendo.
Agora é esperar até quinta-feira e conferir o que a minha amiga, Deolinda Vilhena, me escreveu: "Quartett é lindo, os atores Isabelle Huppert e Ariel Garcia-Valdez são geniais ...".
¡Hasta pronto! ¡Besitos!

Impressões Teatrais ...

Foto: Nadia Mastromauro
"Luisa se Estrella Contra su Casa" (Argentina) / Teatro Museu do Trabalho - "Luisa, uma mulher que perdeu seu companheiro, num acidente de moto, vive numa completa solidão e quase que trancada em sua própria casa. Somente dois acontecimentos a mantém conectada com o mundo: ouvir a rádio que toca músicas alegres e a ir ao supermercado. Também há um vizinho que toca no violão sempre a mesma música triste, mas como ele a incomoda, Luisa resolve não incluí-lo no seu mundo íntimo". Começa o espetáculo. No fundo do palco vemos o vizinho solitário, tocando sua canção triste; à esquerda há uma casa - feita de caixas de papelão - que se move em nossa direção. É a casa de Luisa, é o mundo de Luisa, tão perecível e frágil quanto aquela estrutura. Luisa fala com Pedro (seu companheiro morto) e com Odex (um aspirador de pó comprado numa das idas ao supermercado) e nos convida a viver nesse mundo entremeado de fantasia e realidade. E assim conhecemos Luisa, essa mulher que tenta, mas, não consegue processar a dor de ter perdido o seu grande amor. Temos em cena bons atores e Luciana Mastromauro (Luisa) nos encanta com um belíssimo trabalho, rico em sutilezas, e faz com que também nos questionemos como reagimos às perdas. "Existe un ser que vive dentro mío como si yo fuese su casa".

domingo, 20 de setembro de 2009

Impressões Teatrais ...

Foto: Fernanda Ramos
"O Dragão" (Rio de Janeiro) / Teatro de Câmara Tulio Piva - "Baseada em acontecimentos reais, a peça aborda o conflito entre Palestinos e Israelenses para falar do ser humano e de um sentimento sem fronteiras: a dor e os horrores da guerra. Resultado de um longo trabalho de pesquisa, Ana Teixeira, diretora do Amok Teatro, coloca em cena quatro relatos surpreendentes, histórias que se cruzam e derrubam os muros entre judeus e árabes, mostrando que não há inimigos na dor". Sempre ouvi falar muito bem desse grupo e quando vi que eles estariam no Poa em Cena, fiquei feliz, já que teria a oportunidade de vê-los. Pois bem, ontem, dia 19/9, saí de casa e fui assistir a segunda apresentação de "O Dragão". Talvez eu esperasse muito do espetáculo, não sei, mas o que realmente aconteceu é que não me emocionei, nada que estava ali me tocou (e o tema me emociona!) ... tudo me pareceu muito demonstrativo, como se eles tivessem uma preocupação tão grande em ser corretos tecnicamente que não possuem um estado de emoção que toque o público. Sei que Barbara Heliodora teceu muitos elogios à montagem, em 2008, mas, sinceramente me parece que o que ela viu não foi o mesmo que eu vi. Não estou aqui querendo me comparar com ela (de jeito nenhum!), só estou expondo as minhas impressões enquanto espectadora e nada mais.

sexta-feira, 18 de setembro de 2009

Impressões Teatrais ...

Foto: Maxime Seuge
"Tercer Cuerpo" (Argentina) / Teatro Carlos Carvalho - "Cinco vidas, cinco desejos de amar, cinco pessoas incapazes. Enquanto isso, se vai vivendo, trabalhando, tentando. Medo. Medo de não ser. Medo de que saibam quem sou. Medo e incapacidade. A história de querer e não saber o que fazer. Tentar. E querer viver apesar de tudo". No palco, que retrata uma antiga repartição pública, cinco atores dão vida à esses personagens tão verossímeis. Com um cenário simples, sem recursos de iluminação nem efeitos, nos concentramos no trabalho dos atores. E todos cumprem muito bem suas funções, com verdade, emoção e entrega e isso faz com que os questionamentos deles se tornem os nossos. ¡Listo!

quinta-feira, 17 de setembro de 2009

Impressões Teatrais ...

Foto: Angela Alegria
Foto: Alejandro Persichetti

"Kahlo Viva La Vida" (Uruguai) / Teatro de Arena - "É dia dos mortos e Frida Kahlo espera seus convidados. Rivera, Trotsky, Breton, Rockefeller, Paris, Nova York, a lembrança de seu acidente aos 17 anos e a morte, esse personagem tão mexicano, aparecem nesse monólogo salpicado de humor, risos, tequila, pinturas, aromas, medos e dores". Estamos na estreia em Porto Alegre, Adriana Do Reis entra em cena: alta, loira, de olhos verdes. Alguns podem pensar: será que vai dar certo? E ... ali está Frida Kahlo, com toda força, dor, ironia e amor. Amor sim, por Diego Rivera e pela vida. O texto, do mexicano Humberto Robles, é baseado nos diários da própria Frida e isso faz com que tenhamos uma identificação imediata com tudo que está ali. Adriana nos presenteia com um belíssimo trabalho, consistente e denso. Esse é o quarto espetáculo dela que vejo e posso dizer que, agora sim, pudemos conhecer todas as facetas dessa grande atriz uruguaia. "¡Viva La Vida!"

terça-feira, 15 de setembro de 2009

Impressões Teatrais ...

Foto: Angela Alegria

"The Voca People" (Israel)/ Teatro da Reitoria da UFRGS - "Um fenômeno que surgiu a partir de vídeos divulgados na internet ecoa nos quatro cantos do mundo. The Voca People, grupo israelense de enorme sucesso, foi especialmente convidado - e aceitou - vir ao Brasil participar do Porto Alegre em Cena. Os artistas se auto-intitulam oito aliens, amigos do Planeta Voca – um mundo onde a comunicação é feita apenas por expressões vocais -, que ao longo dos anos ouviram a música da Terra e agora querem por em prática a habilidade que desenvolveram: a de imitar sons. Assim, sem instrumentos ou qualquer outro recurso além de suas figuras impressionantes, unem com maestria teatro, música e performances em um show incrível. Cantorias à capela, coreografias e o moderno beat-box – sons produzidos com a boca imitando instrumentos musicais - surpreendem as plateias em um show muito bem humorado". Essa é a resenha do espetáculo. O que posso dizer mais? Bem, posso dizer que eles são maravilhosos e que ontem, dia 14/9, o público que lotava o Teatro da Reitoria da UFRGS teve uma noite brilhante, regada a muito humor, música boa e alegria. Um espetáculo a parte era ver o diretor musical/maestro (na mesa de som que fica na fila Q) regendo todos os números como se os cantores/performers o vissem. Belo balé de luzes que nos convidada a dançar e a ir para esse Planeta Voca! E ali, bem discretamente, estava o prazer de dizer sou israelense: cada luz vermelha era uma Estrela de David! Hatikva!

Un cafecito con amigas ...

Nane, Gabi y yo (Guion - 14/9/09)
Não vivemos na mesma cidade, não temos a mesma idade e nem nos conhecemos desde criança. Há quatro primaveras, num dia chuvoso de Porto Alegre, o destino nos colocou frente à frente e foi imediato: nascia ali uma amizade alimentada por e-mails durante o ano e vivida em "veranos uruguayos" e primaveras porto-alegrenses. "Sí, es sagrado para nosotras nos vernos, en el mínimo, una vez al año". Quando nos conhecemos, dissemos que a arte nos uniria para sempre, mas é muito mais que isso, a nossa amizade nos unirá para sempre. Num mundo onde a superficialidade toma conta, onde muita gente só enxerga o próprio umbigo e onde as emoções estão cada vez mais escassas, aquece o coração encontrar seres humanos, como Gabi e Nane. "¡LAS QUIERO MUCHO!" é a expressão que exprime tudo o que sentimos umas pelas outras, apesar da distância física e geográfica, e é assim que nos saludamos sempre que nos encontramos e nos despedimos ... e nós três sentimos e sabemos ... ¡ES VERDAD!

Impressões Teatrais ...

"El Último Fuego" (Uruguai)/Teatro Elis Regina - Depois de muitos dias chuvosos, eis que o sol surge em Porto Alegre - para alegria de todos - e lá vamos nós rumo a Usina do Gasômetro assistir a estreia dessa montagem que acompanho, de perto, desde os seus primeiros passos. Em cena temos um texto denso, difícil e atualíssimo da autora alemã Dea Loher. Essa é a primeira montagem em espanhol do texto e depois de uma temporada muito elogiada em Montevideo e de uma tournée de sucesso pela Alemanha, eis que Gabriela Iribarren, Sergio Mautone, Elena Zuasti e "compañeros", sob a direção de Fernando Alonso, aportam no 16º Poa em Cena. A trama gira em torno de um casal (Susanne e Ludwig) que perdeu o filho atropelado por uma policial que perseguia um suposto terrorista que, na verdade, era um ladrão de carros. Susanne e Ludwig cuidam de Rosemarie (Elena Zuasti), mãe de Ludwig, portadora do Mal de Alzheimer e que, por sua falta de memória, faz com que todos sintam a perda dessa criança inunterruptamente. Essa é somente uma das várias histórias que se desenvolvem, ao mesmo tempo, na peça. Nas tramas paralelas temos Karoline (Sofia Etcheverry), amante de Ludwig, que teve câncer de mama; Edna (Sara de los Santos), a policial que é culpada pela morte do menino; Olaf (Sergio Muñoz), um drogado que não se comunica com ninguém e se sente como um animal enjaulado; Peter (Bernardo Trías), companheiro de Olaf, um desocupado que não sabe o que fazer da própria vida; Rabe (Alejandro Campos), um homem que sofre os horrores vividos na guerra e que é a única testemunha do atropelamento e Rosemarie (Elena Zuasti), a bondosa e alegre senhora que por ter Alzheimer se torna um fardo para a nora e o filho. No geral, Dea Loher, nos apresenta uma série de destinos entrelaçados, de pessoas que dividem a mesma casa de cômodos de classe média baixa e nos oferece um retrato minucioso e detalhista de uma sociedade triste, sem esperanças, caótica e violenta. Com todas essas explicações fica fácil compreender, mas nem sempre o público consegue captar todas essas histórias paralelas num espetáculo que altera ação e narração do fato ocorrido, tudo ao mesmo tempo. Só para se ter uma ideia nem os uruguaios conseguiram captar todas as nuances do texto, somente o público alemão reagiu e entendeu tudo. Eu? Bem, eu compreendi o contexto geral, mas tive dúvidas sobre algumas ações porque nada é verbalmente falado, tudo está nas entrelinhas e "hay que estar muy despierto" para não perdê-las. Mas, como tenho a sorte de ter Gabi como amiga pessoal, pude conversar e ver que - bingo! - tô bem na fita. Quero destacar as atuações de Elena Zuasti, emocionante sempre no papel da senhora; Sergio Mautone como esse pai desgraçado, com uma vida medíocre e que por desespero se torna cruel e afoga a mãe e de Gabriela Iribarren, essa mãe desolada, sozinha, em luta constante consigo mesma e que se sente culpada por simplesmente existir. Algumas cenas me pegaram e me dilaceraram de tal forma que quero compartilhá-las com vocês: Rosemarie (Elena) dançando, comemorando o fim da guerra que já acabou há anos; trazendo de presente um jogo memory para o neto já morto e indo banharse sem jamais imaginar que o próprio filho a afogaria; Ludwig (Sergio) dando banho na mãe e a afogando num ato de desespero, medo, angústia e dor e Susanne (Gabriela) perdida na sua dor de não mais existir. Haja coração!
Foto 1: Alejandro Persichetti.
Fotos 2 e 3: Ivo Gonçalves.

domingo, 13 de setembro de 2009

Impressões Teatrais ...

Foto: Cristine Rochol
"Neva" (Chile) / Teatro do Sesc - A Compañia Teatro En El Blanco aportou no Poa em Cena com dois espetáculos: "Diciembre" e "Neva". Não assisti ao primeiro (infelizmente, não dá para se ver tudo!), mas as considerações sobre, eram sempre extasiantes. Bem, ontem, dia 12/9, assisti - num teatro lotado - a última apresentação de "Neva" e ... é ESPETACULAR! Em cena três ótimos atores (Paula Zúñiga, Jorge Becker e Trinidad González) com domínio total sobre tudo, vê-los ir e vir da comédia ao drama "en un ratito" não dá para descrever ... o controle/descontrole, o estado emocional constante, a contradição, o mistério, o perigo ... está tudo ali, na sua frente e te emociona. A história se passa em San Peterbusgo de 1905 e é livremente inspirada no histórico massacre nas ruas da cidade que ficou conhecido como Domingo Sangrento. Enquanto as tropas reprimem operários que se manifestam por melhores condições de vida, duas atrizes e um ator ensaiam uma peça diante do rio Neva. Uma delas é Olga Knipper, viúva do consagrado Anton Tchekov, que se sente culpada por se dedicar ao teatro em Moscou enquanto o marido definha em sanatório na Alemanha. Olga (Trinidad) age com arrogância e desprezo pelos colegas de palco e vive seu drama pessoal de não conseguir mais atuar; Aleco (Jorge) é um ator que se limita a estar em cena e parecer bom; Masha (Paula) tem dúvidas quanto ao próprio talento e se preocupa com a situação política de seu país, do seu povo e questiona pra que fazer teatro num lugar onde todo mundo morre de fome e de frio, onde não se tem como sobreviver. A cena final interpretada por Paula te pega, te rasga por dentro, te faz ver que dizer, em cena, o que se pensa é necessário e que "gracias a Dios" ainda há muita gente que reverencia o teatro e que faz dele uma função social e política e isso me aquece o coração.
Para quem não teve a oportunidade de vê-los em Porto Alegre, aqui vai uma notícia em primeira mão:
"Neva" estará no Rio de Janeiro nos dias 11, 12 e 13 de Dezembro. Assim que confirmarem o local das apresentações, eu aviso a vocês.
¡Hasta pronto! ¡Besitos!

Impressões Teatrais ...

"Simplemente El Fin Del Mundo" (Colômbia) / Teatro do Museu do Trabalho - Muita gente pode pensar: quem se interessa em ver um espetáculo oriundo da Colômbia? Eu! Me interessa o fazer teatral latino-americano. E, pois bem, lá fui eu num dia super frio e chuvoso rumo ao Centro assistir a última apresentação (dia 11/9) do espetáculo. A trama gira em torno de Luís que, depois de muitos anos de ausência, está de volta para anunciar à família sua morte próxima, acertar contas e retomar assuntos pendentes antes de se matar. Muitas frustrações, mal entendidos e rancores surgiram durante sua ausência, interrompida apenas, por alguns meros cartões postais. Tinha tudo para ser um bom espetáculo, afinal é baseado na obra de Jean-Luc Lagarce, mas não foi. Em cena tínhamos cinco atores, mas havia um sexto personagem: os ruídos oriundos de fora. Tudo bem que o Teatro do Museu é um espaço alternativo, mas um pouquinho de respeito ao trabalho alheio não faz mal à ninguém! O barulho era tanto que em muitos momentos não se ouvia os atores, tá, três deles não atuavam, somente representavam (na forma, no esteriótipo!), mas ser audível é o mínimo que se espera de um espetáculo, afinal saímos de casa para ser surpreendidos ... ¿y qué pasa? ¡Nada! ... Mas como sempre, a meu ver, algo se salva, o ator principal tem um trabalho intenso interpretativo e corporal e fez com que a saída de casa não tivesse sido em vão.

Impressões Teatrais ...

"La Douleur" (França) / Theatro São Pedro - Bah, quando eu soube que a atriz Dominique Blanc viria para o Festival com um texto de Marguerite Duras sob a direção de Patrice Chéreau, pensei: se eu não for, "me muero"! E eu estava lá - na segunda apresentação, no dia 10/9 - pena que no Camarote Central CC6F. Digo isso porque é IMPOSSÍVEL assistir a um trabalho tão rico em sutilezas interpretativas de um lugar onde em primeiro plano vejo as mãos do "coleguinha" do camarote ao lado. Nos primeiros 30 minutos (mais ou menos) Dominique Blanc permanece basicamente corporalmente estática, sentada à mesa, e toda a sua interpretação está concentrada no rosto, num plano cinematográfico (lembremo-nos que Chéreau é um grande nome do cinema francês e que Dominique é sua atriz-fetiche), e é claro que eu perdi tudo isso. Num certo momento, a atriz se levanta, leva a sua cadeira até o procênio, prende os longos cabelos e daí em diante eu, finalmente, vejo e sinto o que se passa e é divino o trabalho. Marguerite (Dominique) relata sua angústia enquanto espera o regresso de seu marido, deportado para um campo de concentração nazista em 1945 e você vai junto, respira junto, sente, se emociona ... e ... bah, te pegaram!

Impressões Teatrais ...

"Un Dios Salvaje" (Foto: Angela Alegria)
Buenos días, queridos lectores! A partir de hoje vou dividir com vocês as minhas impressões sobre alguns espetáculos apresentados no 16º Poa em Cena.
"Un Dios Salvaje" (Uruguai) / Teatro Renascença - Comecei a minha maratona teatral, no dia 09/9, prestigiando a estreia desse espetáculo que tem texto da franco-iraniana Yasmina Reza e que ganhou sua primeira montagem sul-americana dirigida pelo uruguaio Mário Morgan. Tivemos aqui o prazer de ver um espetáculo em sua quinta apresentação, visto que eles acabaram de estrear no Teatro MovieCenter, em Montevideo. A trama gira em torno de dois casais aparentemente civilizados que se encontram para resolver uma briga ocorrida entre seus filhos - Fernando e Bruno - ambos com 11 anos. Fernando "sem mais nem menos" bateu em Bruno e quebrou os dois dentes incisivos dele. Os pais, então, resolvem se encontrar para resolver esse problema. No primeiro momento, observa-se uma relação diplomática na disputa; no decorrer do encontro, porém, sob forte influência do rum, surgem enormes tensões e as máscaras vão sendo, aos poucos, retiradas deixando em farrapos os princípios liberais de ambas as famílias. Com um elenco encabeçado pelo grande ator César Troncoso (do filme "El Baño del Papa"), "Un Dios Salvaje" nos mostra, com humor, que basta muito pouco para que nós "civilizados" coloquemos para fora o "selvagem" que vive dentro de nós.

terça-feira, 8 de setembro de 2009

Show "Salve o Samba" com Marcos Ozzellin! Dia 10/09 (quinta) em Botafogo!

SHOW "SALVE O SAMBA" Dia: 10/09 (quinta) às 21h Local: Alma Carioca Bar & Grill (Praia de Botafogo, 470) Tel: (21) 2266-3245 Couvert: R$ 12 Produção & Assessoria: Rosite Val.