terça-feira, 15 de novembro de 2011

Ariane Mnouchkine e sua trupe são ovacionados no Rio de Janeiro!

Rio de Janeiro, domingo, 13/11, 18 horas, 650 pessoas na plateia do HSBC Arena e começa o espetáculo "Os Náufragos da Louca Esperança". O que se passou nessa noite as palavras não conseguem descrever, o mundo mágico de Ariane Mnouchkine e sua trupe contagia a todos, diverte, emociona ... olhos atentos, olhos brilhantes ... nas cadeiras, nas escadas, no chão ... E vem a explosão de aplausos e gritos ao fim de 4 horas de verdadeiro TEATRO. O público não quer ir embora, é a quarta vez que os atores voltam ao palco e agora trazem Ariane Mnouchkine e o Arena treme. Êxtase, é isso que toma conta de todos nós!

 Duccio Bellugi Vannuccini, Ariane Mnouchkine e Seear Kohi
Foto: Cristina Granato

terça-feira, 1 de novembro de 2011

Eu voltei e em boa companhia!

Meus caros, lá se vão 5 meses sem escrever por aqui ... a gente tem que correr atrás de trampo, pagar as contas, estudar, fazer as compras, limpar a casa, brincar com os gatos - essas tarefas do dia-a-dia - que quando vê, o tempo passou. E olha que está passando cada vez mais depressa!
Bem, nesses últimos tempos escrevi um artigo, assisti espetáculos assinados por Bob Wilson e por Peter Brook, assisti um ótimo espetáculo uruguaio (Blackbird), conheci e me encantei com a sonoridade de Estrella Morente, no show Mujeres, e assisti um show sensível e lindo da minha amiga Monica Tomasi; fui ao cinema e me encantei com os filmes argentinos A Viagem de Lucia e Medianeras e com o filme uruguaio Por El Camino; fotografei lugares que me encantam e admirei dias de céu azul turquesa.  
Chegou outubro e com ele a segunda etapa, como aluna especial, no Mestrado em Teatro na Udesc, as provas oficiais para o Mestrado em Artes Cênicas na Ufba e o chamado para trabalhar na produção carioca do espetáculo "Os Náufragos da Louca Esperança", do Théâtre Du Soleil (obrigada Deolinda Vilhena e Maria Julia Pinheiro). Há uns 20 dias faço parte da equipe que trabalha em prol do Soleil e os que sabem da minha paixão pela trupe de Ariane Mnouchkine devem imaginar o que isso significa para mim artisticamente.
Aproveito o ensejo e venho aqui convidá-los a viajar nas águas navegadas por "Os Náufragos da Louca Esperança" que aportarão, pela primeira vez na cidade do Rio de Janeiro, de 08 à 19 de novembro, no HSBC Arena. 

Corram e comprem seus ingressos! 

Espero vocês lá! 
¡Besitos!


Mais informações no Blog Théâtre Du Soleil no Rio de Janeiro
http://theatredusoleilrio.blogspot.com/
ATENÇÃO: 
os dias 12, 13 e 19/11 JÁ ESTÃO ESGOTADOS !!!

sexta-feira, 13 de maio de 2011

Notas sobre a experiência e o saber de experiência - Jorge Larrosa Bondía

(...) A experiência é o que nos passa, o que nos acontece, o que nos toca. Não o que se passa, não o que acontece, ou o que toca. A cada dia se passam muitas coisas, porém, ao mesmo tempo, quase nada nos acontece. Dir-se-ia que tudo o que se passa está organizado para que nada nos aconteça. Walter Benjamin, em um texto célebre, já observava a pobreza de experiências que caracteriza o nosso mundo. Nunca se passaram tantas coisas, mas a experiência é cada vez mais rara. 
Em primeiro lugar pelo excesso de informação. A informação não é experiência. E mais, a informação não deixa lugar para a experiência, ela é quase o contrário da experiência, quase uma antiexperiência. Por isso a ênfase contemporânea na informação, em estar informados, e toda a retórica destinada a constituirnos como sujeitos informantes e informados; a informação não faz outra coisa que cancelar nossas possibilidades de experiência. O sujeito da informação sabe muitas coisas, passa seu tempo buscando informação, o que mais o preocupa é não ter bastante informação; cada vez sabe mais, cada vez está melhor informado, porém, com essa obsessão pela informação e pelo saber (mas saber não no sentido de “sabedoria”, mas no sentido de “estar informado”), o que consegue é que nada lhe aconteça. A primeira coisa que gostaria de dizer sobre a experiência é que é necessário separá-la da informação. E o que gostaria de dizer sobre o saber de experiência é que é necessário separá-lo de saber coisas, tal como se sabe quando se tem informação sobre as coisas, quando se está informado. É a língua mesma que nos dá essa possibilidade. Depois de assistir a uma aula ou a uma conferência, depois de ter lido um livro ou uma informação, depois de ter feito uma viagem ou de ter visitado uma escola, podemos dizer que sabemos coisas que antes não sabíamos, que temos mais informação sobre alguma coisa; mas, ao mesmo tempo, podemos dizer também que nada nos aconteceu, que nada nos tocou, que com tudo o que aprendemos nada nos sucedeu ou nos aconteceu.
Em segundo lugar, a experiência é cada vez mais rara por excesso de opinião. O sujeito moderno é um sujeito informado que, além disso, opina. É alguém que tem uma opinião supostamente pessoal e supostamenteprópria e, às vezes, supostamente crítica sobre tudo o que se passa, sobre tudo aquilo de que tem informação. Para nós, a opinião, como a informação, converteu-se em um imperativo. Em nossa arrogância, passamos a vida opinando sobre qualquer coisa sobre que nos sentimos informados. E se alguém não tem opinião, se não tem uma posição própria sobre o que se passa, se não tem um julgamento preparado sobre qualquer coisa que se lhe apresente, sente-se em falso, como se lhe faltasse algo essencial. E pensa que tem de ter uma opinião. Depois da informação, vem a opinião. No entanto, a obsessão pela opinião também anula nossas possibilidades de experiência, também faz com que nada nos aconteça.
(...) A experiência, a possibilidade de que algo nos aconteça ou nos toque, requer um gesto de interrupção, um gesto que é quase impossível nos tempos que correm: requer parar para pensar, parar para olhar, parar para escutar, pensar mais devagar, olhar mais devagar, e escutar mais devagar; parar para sentir, sentir mais devagar, demorar-se nos detalhes, suspender a opinião, suspender o juízo, suspender a vontade, suspender o automatismo da ação, cultivar a atenção e a delicadeza, abrir os olhos e os ouvidos, falar sobre o que nos acontece, aprender a lentidão, escutar aos outros, cultivar a arte do encontro, calar muito, ter paciência e dar-se tempo e espaço.

sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

... Faz de Conta ...


Não respondo teus e-mails, e quando respondo sou ríspido, distante, mantenho-me alheio: FAZ DE CONTA QUE EU TE ODEIO.

Te encho de palavras carinhosas, não economizo elogios, me surpreendo de tanto afeto que consigo inventar, sou uma atriz, sou do ramo: FAZ DE CONTA QUE EU TE AMO.

Estou sempre olhando pro relógio, sempre enaltecendo os planos que eu tinha e que os outros boicotaram, sempre reclamando que os outros fazem tudo errado: FAZ DE CONTA QUE EU DOU CONTA DO RECADO.

Debocho de festas e de roupas glamurosas, não entendo como é que alguém consegue dormir tarde todas as noites, convidados permanentes para baladas na área vip do inferno: FAZ DE CONTA QUE EU NÃO QUERO.

Choro ao assistir o telejornal, lamento a dor dos outros e passo noites em claro tentando entender corrupções, descasos, tudo o que demonstra o quanto foi desperdiçado meu voto: FAZ DE CONTA QUE EU ME IMPORTO.

Digo que perdôo, ofereço cafezinho, lembro dos bons momentos, digo que os ruins ficaram no passado, que já não lembro de nada, pessoas maduras sabem que toda mágoa é peso morto: FAZ DE CONTA QUE EU NÃO SOFRO.

Cito Aristóteles e Platão, aplaudo ferros retorcidos em galerias de arte, leio poesia concreta, compro telas abstratas, fico fascinada com um arranjo techno para uma música clássica e assisto sem legenda o mais recente filme romeno: FAZ DE CONTA QUE EU ENTENDO.

Tenho todos os ingredientes para um sanduíche inesquecível, a porta da geladeira está lotada de imãs de tele-entrega, mantenho um bar razoavelmente abastecido, um pouco de sal e pimenta na despensa e o fogão tem oito anos mas parece zerinho: FAZ DE CONTA QUE EU COZINHO.

Bem-vindo à Disney, o mundo da fantasia, qual é o seu papel? Você pode ser um fantasma que atravessa paredes, ser anão ou ser gigante, um menino prodígio que decorou bem o texto, a criança ingênua que confiou na bruxa, uma sex symbol a espera do seu cowboy: FAZ DE CONTA QUE NÃO DÓI.

(Martha Medeiros)

quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

Das coisas da vida ...

Ela acordou com vontade de escrever porque as ideias fervilhavam na cabeça. Palavras, frases, pensamentos, assuntos, escolhas ... e ela escolheu falar sobre dom, sobre o dom de escutar as pessoas, não somente ouví-las, mas escutá-las por completo sem julgamentos, pré-conceitos ou qualquer tipo de moral. Afinal "certo" e "errado" não existem, são simples convenções. Ela tem esse dom, nasceu com ele, como uma tatuagem cravada no peito ... é uma das suas missões na terra e a cada dia fica mais forte e latente ... porque ao escutar e dialogar com o outro ela sabe que o ajuda, que ilumina o dia dele de uma certa forma. A maioria das pessoas está acostumada com vários dons, mas não com o dom de escutar - afinal se elas não escutam nem a si próprias, como terão espaço para escutar o outro? - e acabam achando que quem escuta livremente faz papel de trouxa, de bobo, é usado e coisa e tal. Ah, ela sabe o quão difícil é entender esse dom, só quem o tem o reconhece e o compreende, pois ele é como uma marca especial que se carrega por toda a vida. Sabe, ela é apaixonada pela vida como um todo, ela circula em todos os níveis sociais e culturais, ela encanta por onde passa por sua inteligência, simpatia e beleza, mas acima de tudo (e ela sabe bem disso) por sua capacidade de entrega, pelos olhos brilhantes que sempre a acompanham não importando o momento. Ela encara a vida de um jeito simples onde nada é preto no branco, onde frases feitas e pensamentos enlatados não dizem nada e sorri, sorri de todas as coisas passadas porque a gente está na vida para aprender e apreender e ela não abre mão disso nunca. Talvez ela quebre a cara algumas vezes, talvez ela se decepcione, talvez ela chore, afinal ao contrário do que pensam ela sente, sim, ela sente ... ela é humana, feita de carne, ossos, alma, pó e cinzas ... mas sentir não lhe tira o métron porque seu nível de coinsciência é especialmente assustador. Sim. Ela agora assume que é especial, que tem um dom raro, que segue o pulsar de seu coração, que "surpreenda-me" é a sua palavra de ordem e que seguir padrões não é a sua praia. Ela é livre. Ela é ela. Não mais nem menos, simplesmente ela, ponto final.