terça-feira, 13 de abril de 2010

... Relato desses dias ...

Passada uma semana da chuva catastrófica, nada mudou. Digo, a paisagem devastadora permanece no meu bairro e a apreensão toma conta dos moradores. Ontem, mais uma vez, liguei para a Defesa Civil para dizer que eles precisam voltar aqui, vistoriar as casas e as encostas e fazer um trabalho de prevenção - já que há muitas construções irregulares nos morros que ameaçam a vida de outras pessoas -  e eles disseram que viriam hoje vistoriar (dia 13/4). Aproveitei o embalo, fiz uma carta contando tudo o que aconteceu na redondeza, como estamos jogados às traças nesse lugar (na hora de pedir voto todos os políticos passam aqui na rua, mas na hora de dar um auxílio ninguém aparece!) e a enviei para todos os e-mails que estavam disponíveis no site da Prefeitura de São Gonçalo. Se vai adiantar alguma coisa eu não sei, mas estou fazendo o meu papel de cidadã, estou tentando fazer com que olhem para a Covanca e tomem providências. Hoje - lá pelas 11h30 - a Defesa Civil apareceu, começou a vistoriar as casas da Travessa Lucas (na rua e no morro) e interditou quase todas. Passei a tarde toda lá, atrás dos técnicos , para que eles não se esqueçam de olhar as casas que estão na rua principal e dão para o outro morro, mas como o trabalho na Lucas foi muito mais árduo do que eles esperavam, o meu lado da rua ficou para amanhã (dia 14/4). Você fica desconfiada nessa hora, mas o técnico repetiu para todo mundo do lado de lá que amanhã verá as casas do meu lado da rua. Havia muito tempo que eu não entrava na Travessa e revi umas senhoras que me viram nascer. Muita gente me perguntou: "Você é a filha da doutora Janetti?" "Sim", eu respondi. E aí vinham sorrisos e relatos que remetiam a minha mãe, ao meu avô Pimenta e a minha avó Odette. Nossa, como aquece o coração saber e ver nos olhos dessas pessoas o carinho pela minha mãe (já falecida há 7 anos) ... sim, a mamãe era popular, conhecia e falava com todo mundo... era a advogada que ajudava muita gente ... os meus avós também eram assim ... Eu tenho muito orgulho de ser "a filha da doutora" ou "a neta do seu Pimenta", é assim que eles me vêem, é essa menininha que eles enxergam. Hoje me emocionei algumas vezes ao ver senhoras, que moram aqui desde sempre, terem que ir embora porque as casas foram interditadas ... é tão triste presenciar isso ... dói tanto ... Amanhã a nossa luta continua, lá iremos nós atrás da Defesa Civil para que eles vejam o meu quintal e os dos meus vizinhos desse lado da rua. Graças a Deus fez sol hoje e amanhã também fará e temos que aproveitar esse tempo bom para que os técnicos vistoriem todos os morros e façam laudos sobre o que estão vendo. Esse é o momento de conseguirmos uma solução para os problemas que ocorreram, se o tempo passar, seremos esquecidos mais uma vez.
P.S: Já falei que os meus vizinhos da frente me acolheram com o maior carinho naqueles dias difíceis (entre 05 e 09/4) e quero agradecê-los, os Albuquerque Pinho, por tudo. Esse é um elo construído lá atrás, na época da Segunda Guerra Mundial - quando os nossos avós serviram ao Exército juntos -  e que veio de geração para geração. Sim. Há mais mistérios entre o céu e a terra do que podemos imaginar e eu creio nisso.

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