quarta-feira, 21 de abril de 2010

... E a luta continua ...

Bem, lá se vão 16 dias desde a fatídica chuva que se abateu sobre o município de São Gonçalo, no Rio de Janeiro, e nenhuma providência foi tomada para que isso não volte a ocorrer. Explico: no meu bairro a Defesa Civil interditou muitas residências e mandou muita gente sair de casa porque há riscos de novos deslizamentos de terra  - inclusive a minha casa dos fundos também foi interditada devido ao deslizamento ocorrido no quintal da minha vizinha - e orientou os proprietários, que não têm para onde ir , a se cadastrarem no CRAS para receber o tal do aluguel social, dado pelo Governo do Estado, de R$ 400,00. É claro que muita gente não precisa disso (até porque com essa quantia não se aluga nem um quarto e sala num lugar decente em São Gonçalo!) e quem precisa, de repente, nem vai ganhar porque construiu irregularmente e não paga IPTU ... Tá, é uma política populista e que ninguém sabe se vai funcionar direito ou se haverá os famosos desvios de verba e coisa e tal ... Mas e daí? O quê o poder público vai fazer para conter as encostas? Não adianta de nada retirar as pessoas e não reflorestar os morros, fazer as obras de contenção de encostas, demolir as construções irregulares e explodir as pedras que ameaçam a vida de tantos. E quem não teve a casa interditada? Como vive daqui em diante? Rezando para não chover? Ou passando as noites em claro com medo de qualquer chuva causar uma tragédia? Não se controla a natureza e se o homem não a tivesse destruído tanto, muita coisa poderia ter sido evitada ... Só sei que esses tempos difíceis fizeram com que os moradores se unissem por um bem comum e estamos correndo atrás de todos os órgãos competentes (Prefeitura de São Gonçalo, Defesa Civil e o que tiver de ser) para que as obras sejam feitas e possamos todos voltar a viver no lugar que sempre vivemos, onde nossas famílias construiram uma história, uma vida. Não quero mais ouvir o que ouvi do filho da Dona Valdete: "Rosite, eu tenho 40 anos, nasci aqui. Eu e a minha mãe temos que sair de casa por causa do risco de deslizamento de pedras. Sentei no sofá da minha casa e fiquei olhando, pela última vez, a vista de toda a minha vida..." O que mais me dói é o fato de - em nenhum momento - termos conseguido um espaço na rádio, no jornal da cidade ou na televisão para denunciarmos o que aconteceu no nosso bairro ... tudo bem que o ocorrido em Niterói é gravíssimo, mas não se pode abafar o que aconteceu em outros lugares. Já entramos em contato com programas de rádio, redações de jornais e equipes de televisão, mas ninguém nos deu a mínima. Será por que é na cidade de São Gonçalo, que muitos julgam ser bairro de Niterói e lugar de gente favelada e analfabeta? Me parece que sim, mas essas pessoas preconceituosas estão culturalmente, economicamente e geograficamente enganadas. Fica aqui mais uma denúncia, além do descaso dos Governos Municipal e Estadual para com o bairro da Covanca, o preconceito contra a cidade de São  Gonçalo por parte da IMPRENSA. Sou formada em Jornalismo e nessas horas me envergonho disso! Mas podem deixar, nós, O POVO, lutaremos até o fim para termos o direito de voltar a viver em paz e com dignidade!

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