sábado, 11 de setembro de 2010

"Happy Days" - Direção: Bob Wilson

"Happy Days" (Itália) / Theatro São Pedro - "Escrito pelo irlandês Samuel Beckett (1906-1989), “Happy Days” é o último grande texto de um dos dramaturgos mais importantes do século XX, que preferiu, nos últimos anos, escrever textos cada vez menores.  Trata-se da tragédia da contemporaneidade: o homem está preso em suas próprias amarras tendo como desafio paradoxal permanecer como está. Winnie é a heroína dessa (des)aventura do apagamento do tempo e do perpetuar da ação".
Ontem, essa que vos escreve saiu de casa rumo ao São Pedro para assistir mais uma montagem do Bob Wilson. Sim, eu que já era admiradora do trabalho dele, após ter o prazer de assisitir Quartett,  virei fã. Teatro lotado (eu finalmente na plateia, uhu!), primeiro sinal, segundo sinal, terceiro sinal ... entra o som, o voil branco sai de cena e eis que surge Adriana Asti/ Winnie. Desde o primeiro momento o que se dá, para mim, é uma aula de atuação de Adriana Asti ... perfeita, milimétrica e grandiosa ao mesmo tempo. Cada detalhe é vivo, é presente (em todos os sentidos da palavra), é verdadeiro. A iluminação te incomoda, o som que marca o acordar/dormir da personagem também, mas é proposital. Afinal, como esperar sempre "le beau jour" se nada está bem ou bom? Como esperar "le beau jour", apesar de tudo? A direçao de Bob Wilson opta pelo texto dito em francês, o que eu acho que dá um ganho especial à montagem, e faz com que as falas tenham uma certa ironia em inúmeros momentos ... mas como não se servir de uma certa ironia para sobreviver a tal aprisionamento? Quem esperava ver a "pirotecnia" de Quartett deve ter saído de lá achando tudo muito parado ou careta, mas eu que fui de coração puro assistir a esse "monólogo" do Beckett, saí de lá de alma lavada em ver uma das grandes dammes do teatro europeu (e do cinema também!), bem de pertinho, (cada nuance, cada olhar, cada intenção, cada gesto) ser ovacionada pelo público presente e agradecer com lágrimas nos olhos. Sim! Podem me chamar de careta, ultrapassada ou o que for, mas eu gosto de TEATRO!

Um comentário:

Guilherme Nervo disse...

Careta? Ultrapassada?
Para mim tu não é nada disso, não.
Gostei de ler teu comentário!
Também escrevi a respeito de Happy Days, então fica a dica: http://poashow.com.br/

Beijo.