quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

... Recuerdos ...


Apolo? Apolo!
As flores e o incenso do teu templo eu os tenho ainda.
Senhor das núpcias, chama que nos faz um só, volta a me alucinar o turbilhão dos ímpetos proféticos.

Agamenon!
O grande rei e general!
Destrói o que mais amava.
Oferece a filha Ifigênia em sacrifício para abrir os mares e o barcos gregos virem buscar Helena, mulher de seu irmão, uma rainha pretensamente raptada, mas que, na verdade, se entregou ao adultério por sua livre vontade.

Um machado!
Uma lâmina fria cortando a minha garganta e a de outros:
Orestes, que mata Clitemnestra, que mata Agamenon, que matou Ifigênia.
O filho matando a mãe, que matou o pai, por matar a filha.
A filha assassinada pelo pai, assassinado pela esposa, assassinada pelo filho!
Todos enterrados às pressas no meio da noite escura!
Ponto final!

Que destruição essas minha núpcias causarão!
Frutos sangrentos da minha forçada cama nupcial.

Mas, que é aquilo?
Ali, olhe! Ao pé do rochedo.
Um corpo nu, lavado pelas águas do riacho.
Tão frio e branco!
Famintos animais selvagens à cata de comida já o encontraram e nele cravam suas presas.
Sou eu, Cassandra, meu corpo!
A virgem sacerdotisa de Apolo! Morta!


Por Cassandra (minha personagem) em "Tróia", espetáculo baseado em "As Troianas" de Eurípides.







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